quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Problema social ou caso de polícia?



Na edição referente ao dia 27 de Janeiro de 2013, o jornal Repórter Parintins publicou uma notícia intitulada “Líderes da invasão cobram apoio do prefeito Alexandre”. Trata-se de um texto em que um líder do movimento de ocupação das casas populares e lotes do bairro Pascoal Allágio, cobra a atenção, bem como o acompanhamento, das autoridades ao caso.
O repórter expõe em todo relato do texto uma imagem criminal do movimento social; utilizando inúmeras vezes o termo “invasores” para um grupo de ocupantes que se mobilizaram em prol de uma moradia justa. Ora, será que eles ocuparam a área devido o município não oferecer garantias de emprego para que as famílias obtenham condições para comprar ou construir suas casas?
Já na edição do dia 3 de Fevereiro de 2013 do mesmo jornal, foi publicada outra notícia sobre o caso da ocupação, porém dando um maior enfoque a retirada dos “invasores” do local. A notícia intitulada “Polícia Militar monta operação de retirada dos invasores do Pascoal Allágio” fala sobre uma operação que foi montada - por equipe de militares, batalhão de choque, cavalaria e helicóptero - para fazer uma guarnição e vigilância nas entradas e saídas da área.
Neste caso, além do autor citar novamente, por diversas vezes, o termo “invasores”, ele o associa a um movimento de pessoas carentes, um movimento de sem-terra, a imagem de pessoas perigosas e violentas, pois para uma operação em que fora solicitado 400 militares, cavalaria, canil e helicóptero o que se imagina é uma verdadeira guerra, onde na verdade, pessoas apenas lutam por direitos.
Portanto, as angulações utilizadas nas duas notícias são tendenciosas ao criminalizar os “invasores” sem fazer uma discussão sobre o verdadeiro motivo de aquelas pessoas estarem ali naquela situação, e o que as levaram a realizar este movimento. O jornalista não procura trazer para o jornal o déficit de moradia em Parintins e também não dá espaço para que os próprios protagonistas da história relatem os seus motivos.
Kethleen Guerreiro Rebêlo


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