sábado, 26 de novembro de 2011

Quem falou?

Foto de Fábio Kahn

A edição do periódico Plantão Popular do dia 08 de novembro, terça-feira, traz a matéria "Extrator de madeira mata autônomo a terçadadas". O texto consegue esclarecer de maneira satisfatória o leitor sobre o fato. Trata-se do assassinato ocorrido na Comunidade de São Tomé, na região do Rio Uaicurapá, em que o autônomo Denilson Nascimento Norannha foi morto a golpes de terçadadas por João Victor.
As fontes principais foram a 3ª Delegacia Regional de Polícia e Aldenor dos Santos Araújo, primo da vítima. O repórter conseguiu utilizar as informações das fontes para redigir um bom texto. No entanto, há uma citação entre aspas que causa confusão na leitura: "Ele marcou comigo. A desgraça tá feita, pode chamar a polícia e não fala muito não, vai logo, sai fora, se não vou fazer o mesmo contigo...". Esse é o relato que o acusado fez ao primo da vítima após o crime. O problema é que o repórter não ouviu essa fala diretamente do acusado, mas de uma de suas fontes.
João Victor estava foragido e essas foram as palavras que disse ao primo. O problema está no uso de aspas.  É preciso ter cuidado ao utilizar esse recurso, pois sugere uma informação obtida direto da fonte e no caso desse texto foi adquirida por outra pessoa. Que certeza podemos ter de que o pronunciamento de fato ocorreu?
Se o jornalista não entrevistou diretamente a fonte, não tem sentido a utilização de aspas. Nesse caso é necessário um cuidado por parte do repórter quando e como apresentar as declarações dos entrevistados.

Karine Nunes

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O lixo de Parintins com toques alemães



O Jornal Novo Horizonte trouxe em sua edição da semana de 5 a 11 de novembro uma matéria intitulada: “Lixo e esgoto sanitário terão tratamento especial”. A matéria trata sobre as melhorias que Parintins receberá relacionadas ao sistema de esgoto e de coleta do lixo. O município só recebeu esse prêmio porque está entre as 300 cidades mais dinâmicas do mundo. Relata também sobre a ida do prefeito à Alemanha para discutir ações voltadas para o meio ambiente e afirma que o projeto que será implantado em Parintins é similar ao desenvolvido na Alemanha.
Ultimamente, a maioria dos jornais da cidade vem trazendo a informação que Parintins é uma das cidades mais dinâmicas do mundo, cabe relatar que em nenhum deles vem explicando o porquê dessa nomenclatura. Os jornalistas deveriam apurar e apontar fatores que fizeram Parintins receber essa nomeação para que isso fique claro para os leitores, não restando dúvidas sobre o assunto.
Outro ponto importante é o esclarecimento de como é feito o tratamento do lixo na Alemanha, se o projeto que contempla Parintins é igual ao deles, não seria importante colocar na matéria como é feito na Alemanha? Creio que os leitores do NH não saibam como funciona o processo de tratamento do lixo alemão.
Cabe ressaltar, que o autor usou apenas uma fonte, que foi o prefeito falando sobre o projeto que virá para a cidade. Seria fundamental a consulta de outras fontes, com o intuito de esclarecer para os seus leitores outras dimensões do fato.
A população de Parintins espera há anos que se resolva o problema do lixo e do esgoto. É um tema de grande relevância e que deveria ser discutido e pautado de maneira mais esclarecedora. E a matéria é finalizada com uma fala oficial que diz: “Esse sistema é feito com sucesso na Alemanha e creio que dará certo também em Parintins”. Parintins e Alemanha agora são iguais? Não se ponderou aqui a ideia de que são contextos totalmente diferentes? Uma discussão maior poderia ter sido feita, apontar como funciona a coleta lá e contrapor com a nossa realidade.
A matéria transformou a miséria e o descaso em LUXO! Converteu em espetáculo o problema dos parintinenses, pelo simples motivo do lixo da Ilha de Parintins ganhar reforma vinda diretamente e especialmente da ALEMANHA! Quero enfatizar ainda, que toda essa reforma que será feita só acontecerá porque a cidade é DINÂMICA! Falta explicar e debater mais profundamente esses conceitos, caso o objetivo do jornal seja uma cobertura jornalística mais séria.

Lacrima

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Pseudonotícia

Comerciantes ou jornalistas? Foto de Walker Evans

Na edição nº 198 de terça-feira, 01 de novembro de 2011, o jornal Plantão Popular trouxe uma pseudonotícia intitulada “Loja lança rabeta turbo” que apresenta o mais novo produto lançado pela loja Santo Antônio.
Acima do título, o jornal utiliza o recurso do chapéu intitulado “Santo Antônio”, recurso que deveria servir para situar o leitor, sendo uma forma de informação complementar.
Mas o que é perceptível após a leitura da matéria, é que não se trata de uma notícia, e sim de uma publicidade de forma escrita e detalhada, promovendo o novo motor rabeta lançado pela loja.
Esta atitude tomada pelo jornal de utilizar o formato de notícia para fazer publicidade não é a melhor forma de ganhar credibilidade, pois o leitor pode acabar ficando confuso sobre o que é notícia e o que é propaganda de produtos, o que caracteriza-se como um descompromisso com o público. O leitor, sem ter o conhecimento técnico do fazer jornalístico, acaba nem percebendo esse disfarce de informe publicitário em notícia jornalística.
Portanto, esta não foi uma boa sacada para chamar a atenção do leitor, pois a discordância de modelos postos sempre abala a credibilidade de um jornal. E vale ressaltar que para que não ocorra mais estes tipos de discordâncias, é válido recomendar para as edições posteriores que se coloque, pelo menos, no local do chapéu a palavra Publicidades para que o público saiba do que, de fato, trata-se a notícia.

Hanne Caldas

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Ah! É novela...

Verdade ou ficção? Novela da vida real? 
As manchetes dos jornais são usadas para atrair a atenção do leitor. O jornal Dez Minutos costuma publicar em todas as suas edições chamadas de cenas de novelas, o que dificulta o entendimento do leitor. Alguns exemplos são “Léo tenta matar Pedro”, “Alberto beija Sarita e Fica Preso”... Afinal, quem são essas pessoas citadas?
É certo que na parte inferior da página está escrita a editoria “CANAL”, no entanto, esse termo não indica muita coisa do que será abordado. Logo abaixo, uma pequena matéria com fundo em rosa e azul fornece informações sobre novela, reality show, etc. Na sequência vem um chapéu com uma fonte muito pequena, geralmente com o nome da novela “Fina Estampa”, “Aquele Beijo”, entre outras. Em seguida uma chamada com tamanho da fonte consideravelmente “grande”, atraindo o olhar para o texto, pois, “O tamanho do corpo da letra relaciona-se com a altura da voz, que, por sua vez, representa um tipo de valorização da notícia”(HERNANDES, 2006, p.210).
A principal dificuldade desse tipo de publicação, é que os leitores que não são adeptos ou acompanham as novelas ficam “perdidos” quando se deparam com tais informações. Então, a dica é que o jornal Dez Minutos apresente um contraste maior do estilo das noticias relacionadas à ficção, deixando claro já à primeira vista do que se tratam as matérias publicadas. Isso impediria que o leitor desavisado confundisse a ficção das novelas com fatos verídicos apresentado nas notícias.

Tuanny Dutra

Que tal ir mais fundo?





Na edição de 6 de novembro, o Jornal da Ilha publicou notícia com o seguinte título: “Alunos querem mais compromisso de professores”. A notícia, escrita por um professor, mostra certo descaso que vem acontecendo em Parintins já há algum tempo, mas que é um dos fatores que vem sido esquecido ou distorcido, sobretudo pela mídia, como já mostramos aqui em outros ensaios (http://observandoparintins.blogspot.com/2011/05/educacao-em-parintins.html).
Mais que uma crítica, proponho aqui um desafio. Uma notícia tão importante teve um espaço tão reduzido... Então que tal os jornais de Parintins irem mais a fundo, trazendo um dossiê, uma reportagem talvez? Vamos ver como é que está a educação de Parintins realmente?
Vamos às questões. Quais escolas são essas que estão passando por esse problema? Qual realmente é o problema, pois tudo precisa ser observado na legalidade. Qual o posicionamento da secretaria de educação e da escola sobre esse tema?
Há uma contrapartida para os professores que faltam e não repõem seus dias de aulas e isso precisa ser reiterado para que tudo seja entendido. Existem discussões e trâmites legais que precisam ser investigados e observados para que o caso seja entendido pela população.

Helder Mourão

sábado, 12 de novembro de 2011

Autopromoção popular


"Narciso", do pintor Caravaggio



Na 2ª edição de outubro de 2011, o jornal A Folha do Povo traz na editoria Geral uma notícia intitulada “Bloco Os Papudinhos homenageará Alan Gomes” que relata os motivos da homenagem.
Primeiramente, vale ressaltar que a pessoa que será homenageada pelo bloco no carnaval de 2012, Alan Gomes, é o proprietário do jornal A Folha do Povo, o que caracteriza imediatamente o que chamamos de autopropaganda.
Seguindo em direção a análise da notícia propaganda, primeiramente é possível verificar uma foto do Alan Gomes na parte esquerda do texto. Em seguida, quando discorre o texto, é possível confirmar a autopropaganda utilizando as palavras da fonte consultada, o presidente do bloco, Jorge Anselmo. Para exemplificar melhor a análise, no segundo parágrafo do texto é possível verificar as palavras de Anselmo: “Primeiro pela simplicidade e por ser um rapaz corajoso e ao mesmo tempo audacioso naquilo que ele quer, eu acho muito bonito isto da parte do Alan, é um rapaz determinado, é uma pessoa transparente, é correto...”.
O terceiro e último parágrafo é também somente a fala do presidente do bloco, o que caracteriza oficialidade da fonte, pois o repórter poderia ter entrevistado pessoas da sociedade que brincam na época do carnaval e os próprios foliões adeptos do grupo para ver o que pensam sobre essa decisão da presidência do bloco carnavalesco.
Enfim, percebe-se que o jornal utilizou o espaço de notícias sobre a cidade para fazer propaganda de seu dono, o que caracteriza falta de compromisso com o leitor. Dessa forma, compromete a prática do fazer jornalístico como forma social de conhecimento, já que com certeza um fato importante da cidade perdeu espaço no jornal para ser posto esta “notícia”, que não trata de algo de interesse geral da sociedade parintinense.

Hanne Assimen

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Da falta de apuração ao telefone sem fio



Na edição de 4 de Novembro, o jornal Plantão Popular trouxe uma notícia intitulada “Hospital oferece Transplante”. Nessa matéria há três graves problemas jornalísticos e outro problema de maior gravidade, uma questão social que por outras faltas de atenção já causou problemas.
A notícia trata de um suposto e-mail que a redação do Plantão Popular recebeu do médico Eduardo Bezerra, falando sobre um hospital de Sorocaba, interior de São Paulo, que faz transplante de córneas, mas que por falta de procura e pacientes, tem jogado algumas fora.

Os problemas
FONTE FALSA - A notícia é apresentada como se o médico Eduardo Bezerra tivesse enviado o e-mail para o jornal, quando na verdade ele tem sido enviado por uma corrente, da qual o mais antigo sondado é do mês de maio de 2007. Esse médico NÃO é do Hospital de Sorocaba, apenas enviou a mensagem pela internet. Três citações são postas no jornal, como sendo desse médico, porém o e-mail original circulou apenas na rede interna de uma empresa e só depois vazou. A segunda citação diz ainda que se o e-mail for repassado de mão em mão, poderá chegar a alguém que necessita. Uma falsa informação, pois esse médico não tinha essa intenção.
FALTA DE APURAÇÃO DOS DADOS – Para Luiz Costa Pereira Jr (2006), “A disciplina de verificação é um suporte para a edição, que melhor se realiza quanto mais planejado for o processo de produção da noticia” (p. 92). Bastou-me uma pequena pesquisa na internet para descobrir sobre esse problema, o que deveria ser rotina para qualquer informação que será passada ao público, ainda mais se tratando de algo que veio pela internet.
Tanto foi mal apurada a notícia que o número para contato com o hospital é repetido 25 vezes em duas colunas. Para quem vê rápido, pensa que são vários números para contato. Isso prova que foi usada uma antiga técnica de produção textual, o famoso “Ctrl + C” “Ctrl + V”, sem nem observar o que estava colocando.
FALTA DA FONTE DA NOTÍCIA – No mais, a notícia aparece como se tivesse sido produzida pelo próprio jornal e até aqui já da para sabermos que ela veio por e-mail e talvez nem tenha sido lida. Assim, faltou a fonte da origem da informação.
O PROBLEMA SOCIAL – Esse tipo de informação quando repercutida causa problemas e inclusive esperanças às pessoas afetadas por ela e principalmente ao Hospital relatado na notícia. Já discutimos antes aqui sobre a incrível credibilidade dada à mídia.
Para mais informações sobre o caso, esses dois sites relatam esse caso que vem sendo mal interpretado ou erroneamente passado a mais de 3 anos e traz ainda uma nota de correção à esse mal entendido.

Aqui, a matéria original da qual o ensaio foi feito:

REFERÊNCIAS
PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. Métodos de investigação na imprensa. Petrópolis, RJ. VOZES, 2006.

PÁGINAS DA WEB:

Helder Mourão

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Dinamismo ou autopropaganda?


Seria Parintins a Ilha da Fantasia?

Na edição nº 902, da semana de 22 a 28 de outubro, o jornal Novo Horizonte trouxe na editoria Cidade, página 4, uma notícia intitulada “Bi Garcia recebe prêmio na Alemanha” que relata sobre a ida do prefeito à cidade de Colônia, na Alemanha, para receber o prêmio na 17ª edição do “Meeting City Dinamics World 2011”.
No primeiro parágrafo, a notícia relata: “O prefeito Bi Garcia viaja neste próximo final de semana para a Alemanha onde vai receber o prêmio modelo de gestão pública pela integração e resgate da máquina administrativa, por ter conseguido em sua gestão como prefeito, incluir Parintins entre as 300 cidades mais dinâmicas do mundo.”
É importante questionar duas colocações dentro deste pequeno trecho: a primeira que afirma a existência de um “resgate da máquina administrativa”, pois fornece o sentido de que a “máquina administrativa” tenha sido roubada, sequestrada, ou algo parecido, já que ela foi “resgatada”, segundo consta o texto. Ainda sobre isso, é válido verificar que o jornal não explica ao leitor o que significa o termo “máquina administrativa”.
Outro ponto importante é a inclusão de Parintins entre as 300 cidades mais dinâmicas do mundo. Mas afinal, o que é ser uma cidade dinâmica? O que a torna dinâmica? Ela se mexe, sai do lugar, é flexível, se movimenta, cresce pra algum lado? Em nenhum momento, quando se fala que Parintins é uma cidade dinâmica, o jornal traz explicações fundamentadas do que seja, nesse sentido, ser cidade dinâmica.
Vale lembrar que na cidade o que mais se ouve e se vê é propaganda com o slogan “De Parintins para o mundo ver”, é sempre a mesma visão de que a cidade é maravilhosa, que está tudo muito bem, que é o melhor município, e que tem sempre a melhor educação, melhor saúde, melhor e sempre melhor em tudo. Mas nunca mostram a verdadeira realidade da Ilha, pois só é viver para ver, a educação é baixissima, a saúde pior ainda, a segurança se afogou no rio que passa na frente da cidade, entre tantos outros problemas que precisam ser pensados para melhorar o cenário real que boa parte da população da cidade vivencia diariamente com muito pesar. Será que são esses problemas que caracterizam ser uma cidade dinâmica? E ainda, o que a população pensa sobre morar numa cidade dinâmica?
Afinal, o que se analisa sobre isso é a existência da constante autopropaganda do poder político em voga - pois muito se fala, mas pouquíssimo se evidência nesses textos sobre o verdadeiro cotidiano do parintinense.

Hanne Assimen


terça-feira, 8 de novembro de 2011

Retrato do terror


     
O jornal A Folha do Povo volta a uma prática que tornou-se comum na sua política editorial: a apresentação de fotos de cadáveres. Esse grave erro foi constatado na 2ª edição de outubro, na qual é dada metade da capa e toda a página 5 para se mostrar o caso de decapitação de Hudson Alves.
Ao dar muita evidência ao ocorrido, percebe-se que o A Folha do Povo cria, direta ou indiretamente, a sensação de pânico em seus leitores, tendo em vista que busca-se fazer uma espécie de linha cronológica com todos os casos de homicídio ocorrentes em Parintins no ano de 2011.
 Lendo o texto, o leitor pergunta para si mesmo: “será que estou seguro nessa cidade?”. Não podemos dizer se estamos ou não seguros em Parintins, mas pelo texto publicado no A Folha do Povo, a ideia de que a cidade é violenta aumenta, tendo em vista que, em todo o texto, pontua-se um por um por os homicídios ocorridos nesse ano na cidade.
Além de mostrar o retrato do terror, o jornal faz uma coisa muito pior, que é a exposição da imagem de uma cabeça na capa e no corpo da matéria sobre os homicídios. Vendo isso, pode-se concluir que o único objetivo do veículo é fazer que a venda dele possa crescer, pois há a ideia de que quanto mais desgraça há, mais o povo se interessa por um determinado fato. Nessa dedução, chega-se a uma conclusão: o A Folha do Povo mostra cadáveres frequentemente para que a venda de seus exemplares possam ter um crescimento estrondoso.
Hudson Alves não é a primeira vítima de homicício que tem seu corpo exposto no periódico. Em outras oportunidades o veículo mostrou um rapaz morto com chave mecânica em um de seus olhos, uma moça enforcada no quintal de sua casa, entre outros casos. Com essas coberturas altamente sensacionalistas, o informativo desrespeita a dor das famílias, que, além de já ter que suportar a perda de um ente-querido, ainda têm que ver um jornal tirar proveito da situação para aumentar sua vendagem.
Com essa prática, observa-se que a ética é algo que fica em segundo plano no jornal A Folha do Povo, afinal, o veículo prefere aumentar as vendas dos exemplares com as fotos horrendas, do que somente informar o ocorrido. Assim, aconselhamos à pessoa que fez o texto a ter umas aulas de Ética e Legislação do Jornalismo, pois, um verdadeiro jornalista não faz o que foi feito nessa edição do A Folha do Povo. Diante disso, o jornal deveria tentar ser mais humano, não entendendo as pessoas mortas como objetos a serem expostos.

Lacrima

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Abordagem humanizada, mas falta revisão...


“Não é sem motivo que a reportagem desfruta de um lugar especial no conceito dos profissionais da mídia. Trata-se de um gênero completo. O mais apreciado, o mais nobre. Conjuga investigação, interpretação e qualidade de estilo (...). É notícia ampliada e contada em seus aspectos mais interessantes” (AMARAL, 2008, p, 45).
A edição do dia 23 de outubro do Jornal Repórter Parintins trouxe uma reportagem intitulada: “Filme teria estimulado assassinato”, a narrativa trata sobre um assassinato cruel que aconteceu no município. O autor desta fez uma construção interessante sobre o caso, ouviu várias fontes para validar seu texto, colocou alguns intertítulos para que a reportagem não ficasse tão cansativa e usou vários recursos jornalísticos (chapéu, linha de apoio, box) e também duas imagens - o que proporcionou ao leitor uma compreensão ampliada do acontecimento.
            O repórter construiu seu texto sobre uma perspectiva humanizada, ou seja, tratou as fontes sem estereótipos. Sobre a humanização das fontes, Pereira Júnior (2006) afirma: “humanizar um relato tem um sentido mais amplo que tudo isso. É resistir à tentação de estandartizar ou de precipitar análise sobre uma pessoa (...). A humanização recupera uma profundidade diante das coisas e pode revelar um compromisso com o mundo” (p.100).
            Apesar da construção da reportagem ter sido feita a partir de uma perspectiva informativa e das fontes terem sido humanizadas, ao longo do texto encontrou-se vários erros ortográficos, o que sinaliza falta de revisão. O autor também não disse qual o nome do filme que teria estimulado o assassinato e, na conclusão da reportagem, foi usado o depoimento de um sociólogo e de um psicólogo, o que desfavoreceu a reportagem no sentido de não haver uma conexão entre o texto e a fala das fontes. É uma prática constante nos textos dos impressos parintinenses o uso de citações sem critério, é como se as falas oficiais dessem ao texto uma finalização excepcional. Certo que a declaração dessas fontes é de importância, acreditamos que elas poderiam ter sido colocadas no box ou mesmo no ‘falando mais sobre o assunto’, quadro que o jornal possui.
            Contudo, vale reiterar que o jornal trouxe em suas páginas uma reportagem, de fato proporcionando uma abordagem diferenciada e importante para os seus leitores.

PEREIRA JÚNIOR, Luiz Costa. A apuração da notícia; métodos de investigação na imprensa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.
AMARAL, Luiz. Jornalismo: matéria de primeira página, 6ª Ed. RJ: Tempo Brasileiro, 2008.

Yasmin Cardoso

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Um revisor, por favor...




 A edição de 09 de outubro do Repórter Parintins trouxe duas inusitadas afirmações em seu jornal, que mesmo parecendo pequenas, são importantes e pesadas (em se tratando de equívocos).
Logo na capa do jornal, abaixo do título “Administração Municipal sob Investigação”, há uma pequena legenda: “O promotor Fábio Monteiro coordenador do Centro de Apoio ao Crime Organizado (Caocrimo)...”. Ora, sabemos que o crime organizado existe e é forte, mas um centro de apoio institucional a ele? Não custa nada uma revisão, não é, Repórter Parintins? Erros como esse tem se tornado comuns em todos os periódicos do Amazonas. 

Atletas com boa visão?
Ainda na mesma edição, mas na página 3, a notícia “Força de vontade supera limites”, traz a seguinte linha de apoio ou subtítulo. “Durante duas semanas, alunos(atletas) viram centro das atenções nos Jogos Escolares.” Isso quer dizer que nosso alunos/atletas tem boa visão, já que estão vendo tudo certinho.
A notícia é boa, mas algumas coisinhas realmente diminuem o crédito do jornal. Uma pequena revisão não custa nada, deveria se tornar um ritual na rotina de produção desse jornal...

Helder Mourão

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Cidadania do capitalismo


O “exemplo de cidadania” da população é usado para que o povo faça as atribuições do estado!

Na edição do último domingo, dia 30 de outubro, o Repórter Parintins traz como capa a notícia “Ação Voluntária!”. A matéria trata do problema da falta de sinalização nas ruas do bairro de João Novo. Como diz a linha de apoio, ou subtítulo, “Moradores, depois de tanto esperar, resolveram fazer por conta própria as sinalizações da rua”. O jornal caracteriza os moradores como “exemplo de cidadania”.
A questão que faltou exploração esteve isolada apenas na fala do Major Túlio Freitas, único a apontar que “o trabalho de sinalização de ruas é competência da prefeitura, como descrito na constituição de 1988”.
Não descarto a importância da movimentação das pessoas para sanar seus problemas. Mas como disse o Major, essa é uma competência da prefeitura. Esse “exemplo de cidadania” vicia o governo a precarizar esses sistemas que já são ruins. Se hoje esse serviço de sinalização foi “forçadamente terceirizado” para o povo, que paga os impostos para ter esse tipo de retorno, amanhã são outras competências do poder público que vão faltar, até que as ações todas fiquem na mão da população. Não basta substituir o papel da prefeitura, é necessário algum tipo de mobilização para que o descaso do poder público não se repita.
Esse “esquecimento” pela parte do poder público caracteriza uma posição politica e econômica conhecida como Estado mínimo, característica do chamado neoliberalismo. Ao Estado Mínimo cabe garantir a ordem, a legalidade e concentrar seu papel executivo naqueles serviços mínimos necessários, deixando todo o resto para que o indivíduo e o mercado resolvam. Trata-se de uma enganação e uma falsa liberdade dada ao povo, que perde as politicas públicas e as ações bancadas com a arrecadação de impostos, deixando que o mercado comande a lógica do Estado.
A notícia termina com a frase de um estudante dizendo que levará sua ideia para outro Bairro, o da Sham, e completa ainda falando que “se formos olhar para a crise ninguém faz nada”. Esse é o objetivo que o poder busca nos indivíduos e o jornal não explorou isso. A ação do povo é válida, pois os problemas precisam ser sanados, mas algo tem que ser feito para que isso não se torne um costume, caso contrário, todas as ações da secretaria de obras ficarão na mão do povo, pois, além disso, o bairro União, por exemplo, não tem a menor condição de assumir as rédeas de seus graves problemas sociais.

Veja aqui a notícia original, da qual foi feito o ensaio.

Helder Mourão