segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Quem é quem?



A edição nº 297 do Jornal da Ilha trouxe uma matéria chamada “Poços do SAAE recebem avaliação positiva do LACEN”. A notícia trata da vistoria feita pelo técnico do LACEN (Laboratório Central do Estado) no serviço de água e esgoto em Parintins.
Cabe ressaltar que as discussões sobre a qualidade da água são motivo de divergência no município. O poder público afirma que os moradores podem consumi-lá sem problema algum, já alguns pesquisadores afirmam que a água não serve para o consumo humano.  O texto não explicita a existência desse impasse, nem justifica o porquê desta avaliação.
Em nenhum momento a matéria traz o depoimento do técnico do Lacen, nem diz qual seu nome, só quem fala é o gerente da vigilância ambiental Luiz Antônio Tavares. Ele aparece na matéria como fonte oficial, foi o único a ser consultado, sendo que o órgão para qual ele trabalha não é o principal avaliador do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Parintins.
Sabe-se que no jornalismo é de fundamental importância o uso de mais de uma fonte, para que se contrastem os fatos, os dados obtidos, e para fazer uma boa apuração da notícia.  “O jornalista deve sempre que puder confirmar e reconfirmar as informações que recebe de determinadas fontes, contrastando- as com as informações de outras fontes ou verificando de maneiras alternativas os dados obtidos” (Sousa, 2001).
O texto traz duas imagens, que não possuem legenda, Milton Guran afirma que “a relação da fotografia com o texto é explicitada a partir da legenda, ou do texto-legenda, na medida em que a legenda deve suprir o leitor de informações não contidas ou não evidentes na imagem” (1992). As fotos são do prefeito de Parintins. O que é mais curioso aqui é o fato do prefeito não ser citado na matéria e ser colocado nas fotos para ilustrarem a notícia. As fotos não condizem com o texto de forma alguma.
Estranho? Diria que um absurdo. Teria um motivo o uso destas imagens e não de outras que ajudassem o esclarecimento do leitor? Quando se lê o texto, se pergunta quando isso aconteceu? Por que aconteceu?  Não cabe aos jornalistas deixarem dúvidas sobre os fatos, é sua função explicar. Definitivamente não há o suprimento das necessidades do público-leitor e mais uma vez se percebe o oficialismo das fontes no jornalismo impresso parintinense. 
Referências:


GURAN, Milton. Linguagem fotográfica e informação. Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1992.
SOUZA, Jorge Pedro. Elementos do Jornalismo Impresso. Disponível em: www.bocc.ubi.pt. Lisboa. 2001.

Yasmin Cardoso

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