segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Segundas intenções

             A edição do dia 22 de novembro de 2010 do jornal “A Folha do Povo” mostra um problema constante na imprensa parintinense, e no veículo, a parcialidade política. Observa-se isso numa matéria dedicada exclusivamente a tratar da administração do prefeito de Barreirinha-AM, Mecias Sateré.
             A matéria adquire tanta relevância no veículo que, logo na capa do jornal, aparece como a manchete da semana. Esse fato nos remete a ideia de que esse texto foi feito para persuadir o público leitor de que a administração de Sateré está trazendo e trará benefícios para o povo barreirinhense.
             Percebe-se também que, ao ser colocado no início do texto: “O prefeito de Barreirinha Mecias Sateré fala com exclusividade a nossa reportagem das obras e conquistas que o município está tendo em sua gestão”, há uma certa “camaradagem” do veículo com o prefeito, visto que a entrevista dá um ar de algo já programado, nada natural.
             Outro erro constatado no texto é a utilização de muitas citações do entrevistado. Isso acaba transformando a matéria em algo muito declaratório, indo assim contra os preceitos jornalísticos, pois segundo Luciano Martins Costa (2009).


        O problema principal do jornalismo declaratório é que o material oferecido  aos leitores resulta sempre de um critério centralizado de escolhas, induzindo-os a acreditar que se trata de um resumo das opiniões dos entrevistados, quando na verdade se trata de composições fortemente influenciadas pelas intenções de quem edita.
             A demonstração de afetividade entre jornal e prefeito fica mais evidente no final do texto. Mecias diz: “Quero agradecer a oportunidade que o jornal A Folha do Povo está me dando, pois sabemos da boa aceitação que este jornal tem em Parintins e Barreirinha e em outros municípios...”. Isso faz com que o periódico perca credibilidade com o seu público leitor, visto que essa matéria assemelha-se muito a textos de assessoria de imprensa, em que há apologia de quem contrata esse serviço.

Daniel Sicsú

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